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Notícias

14 de janeiro de 2023

O cavaleiro de máscara

Martin Portner 2023

Noutro dia, vindo para Não-Me-Toque, deparei-me com uma cena inusitada. Um cavaleiro pilchado troteava pelo acostamento da rodovia encilhado em sua montaria. Havia um detalhe curioso. Em vez de lenço – maragato ou chimango – ele troteava com uma máscara na cara. Chamei-o de o cavaleiro da pandemia.

O que significa um cavaleiro de máscara? Imagino que o leitor dirá, de pronto, que ele nada mais faz do que proteger-se do coronavírus; afinal, o corona está na natureza. Será que a máscara o protege? Fui à ciência.

Usamos a máscara sobre o nariz e a boca para, supostamente, impedir que sejamos contaminados. O coronavírus mede aproximadamente 0,001 milímetro em seu diâmetro. Já o poro do tecido da máscara mede, em média, 0,2 mm. Ou seja, o poro da máscara é 200 vezes maior do que o vírus. Portanto, o vírus atravessa os poros nas duas direções, sem dificuldade.

Para efeito de ilustração, suponha que você vai preparar o macarrão para a janta. Depois de adicionar sal à água e esperar pela fervura, leva cerca de 15 minutos para o macarrão aprontar. Agora, você precisa escorrê-lo em um escorredor de massa. A massa fica e o líquido vai. A pergunta é, o que acontece com o sal, ele fica com a massa ou se perde com a água? Claro que a maior parte do sal vai com a água simplesmente porque os buracos do escorredor prendem a massa, mas não o sal.

Assim, os poros da máscara não seguram vírus nenhum, tanto para entrar como para sair.

Mas há outra peça nesta charada. Os vírus (o corona inclusive) não costumam viajar sozinhos pelo espaço. Eles o fazem agarrados a partículas de secreção respiratória, chamadas de aerosois. O diâmetro de um aerossol está na faixa de 0,5 mm, mais ou menos. Ou seja, os aerosois são maiores do que os poros e trancam na máscara porque não conseguem passar por eles. Neste caso, não passa aerossol nem o vírus apegado.

Imagine alguém que está tossindo ou espirrando; ela ou ele vão espraiar nada menos do que milhares de aerossois pelo ar. Estes vão rapidamente cair ao solo, mas os menores podem viajar no ar e alcançar alguém a 2 metros de distância. Por esta razão, a máscara é um meio de prevenção — quem estiver contaminado, com tosse ou espirrando, não vai querer lançar aerossois com coronavírus para a comunidade respirar.

Por isso, o uso da máscara protege os outros. Além de usá-la, devemos ficar a dois metros uns dos outros. Agora, é questionável se devemos usar máscaras caminhando solitariamente ao ar livre. Há cientistas que acreditam tratar-se de perfeita bobagem. Mas pode ser que o cavaleiro da pandemia troteando com garbo e máscara pelo acostamento da rodovia estivesse tossindo ou espirrando, protegendo as pessoas que ele pudesse ter encontrado pouco antes. Não sabemos. Na dúvida, pontos para ele.

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