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Caracas em 30 de julho de 2024
31 de julho de 2024
Eleição na Venezuela 'não pode ser considerada democrática'
Desde as eleições presidenciais de domingo (28/7), o governo de Nicolás Maduro e a oposição, representada por Machado e González, disputam os resultados do pleito.
O Comitê Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro o vencedor da disputa com 5,1 milhões de votos (51,2% do total), à frente do adversário Edmundo González Urrutia, com 4.4 milhões de votos (44,2%), com 80% das mesas de votação apuradas.
O presidente da autoridade eleitoral venezuelana afirmou que o resultado era irreversível.
María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, porém, rejeitaram a afirmação, dizendo ter em mãos dados suficientes para comprovar a derrota de Maduro.
A eleição na Venezuela "não pode ser considerada democrática", segundo o Centro Carter, renomada organização que participou das eleições venezuelanas como observadora.
O Centro Carter publicou um comunicado na noite de terça-feira (30/7) no qual afirma que as eleições não obedeceram aos "parâmetros e padrões internacionais para processos eleitorais".
Dois dias depois das eleições, a instituição, que tem sede em Atlanta, nos EUA, afirmou que não tem condições de realizar um trabalho de verificação e, portanto, não pode chancelar a autenticidade dos dados.
"O fato de a autoridade eleitoral não ter anunciado os resultados desagregados por assembleias de voto constitui uma grave violação dos princípios eleitorais", diz o comunicado de imprensa, publicado no site da instituição.
Segundo o comunicado, o centro esteve na Venezuela no fim de semana da votação — a convite do próprio governo do país sul-americano — com uma equipe de 17 observadores.
Além de os registros eleitorais não terem sido publicados, a instituição aponta outros erros, como a desqualificação de candidatos da oposição e o desequilíbrio de recursos, com uma larga vantagem do partido no poder para se promover.
"[As eleições venezuelanas] não atingiram os padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhuma das fases relevantes e violaram numerosos preceitos da própria legislação nacional", detalha o comunicado do Centro Carter.
Na noite de domingo, com 80% dos votos contabilizados, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela informou que Nicolás Maduro foi reeleito presidente para um terceiro mandato de cinco anos com uma vantagem "irreversível" de 51,2% dos votos, ante 44,2% do adversário Edmundo González Urrutia.
Mas a coligação da oposição denunciou a "fraude" eleitoral e disse ter até 70% dos registros de votação que confirmam a vitória de González.
Desde então, o país tem vivido intensos protestos, que por vezes se tornaram violentos tanto na capital, Caracas, como no interior.
Milhares de pessoas pedem que Maduro aceite o resultado, enquanto o presidente acusa a oposição de tramar um "golpe" contra ele. O governo também instou correligionários e apoiadores a saírem às ruas.
Até o momento, há 11 mortos e centenas de detidos, segundo informações divulgadas pelas organizações Foro Penal, Justicia, Encuentro y Perdón, Provea e Laboratorio de Paz.
O governo venezuelano não fez comentários sobre o comunicado.