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Notícias

8 de março de 2023

É necessário perder-se

Por Bruna de Souza

Carlos Antônio tinha acabado de completar seus 57 anos de idade. Um bolo simples e a pequena família reunida no fim da tarde davam a entender que aquele era só mais um aniversário. Mais um ano de vida. Carlos era funcionário da área financeira de uma grande empresa há exatos 20 anos e durante todo esse período ele se identificara totalmente com o cargo que ocupava. Era um homem honesto, dedicado e responsável.

No dia seguinte – que parecia um dia como todos os outros- seu chefe o chamou para uma conversa e anunciou os seus últimos 30 dias de empresa justificando como um corte de despesas com redução de contingente.

O mundo se transformou a partir daquele instante, tudo o que Carlos acreditava que era, em um minuto passou a não ser. Milhares de dúvidas lhe preenchiam sua mente e a sensação que se destacava era uma só: A perda de identidade.

É inevitável que haja a sensação de luto quando ocorre a ruptura de uma estrutura com a qual nos identificamos totalmente, com a qual aprendemos a nos familiarizar. Isso acontece com a perda de bens, o término de relacionamentos, com a morte de um familiar e tantos outros... Porém, todos esses exemplos não passam de provações que a vida nos submete, são obstáculos que te impelem a criar à partir do vazio existencial.

Em uma de suas passagens Jesus disse que é necessário perder-se para que possamos nos encontrar. E este ensinamento se encaixa bem nessa situação.

O ego está sempre pronto para te associar a algo que você tenha ou a uma função que desempenhe. Se você exerce uma profissão há anos, sua mente faz com que você esqueça dos sonhos, aptidões e planos que existiam antes de assumir esta tarefa. O ego faz com que você se autorrotule, se encaixe e siga um padrão conhecido. Nessa situação você não consegue afirmar que é feliz, mas também não assume o sentimento de tristeza. Apenas segue o fluxo, vive honrado por levar uma vida “regular”.

Bom, depois de um bom período depressivo, Carlos compreendeu exatamente isso e decidiu se descobrir novamente. Reformou a velha dispensa e a transformou em uma simples oficina. Comprou então algumas ferramentas necessárias para começar uma nova tarefa: A produção de móveis. Ele lembrou que este era um desejo da sua juventude e agora ele tinha tempo, seu espaço e entusiasmo para acordar todos os dias para aprender. Ele estava finalmente se permitindo a criar a partir do desconhecido.

Nada na vida acontece sem um propósito, esta é a inteligência universal a que todos nós estamos submetidos. Não existem possíveis males que não venham para o bem, por que a energia que predomina sempre é a energia do amor, esta que induz tudo na natureza à transformação e à evolução.

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