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fotos Maiquel Junges (arquivo pessoal)
31 de dezembro de 2021
Agricultores já têm prejuízos irreversíveis com estiagem
Por Helaine Gnoatto Zart
A última chuva significativa registrada em Não-Me-Toque foi em 20 de novembro. A situação é desalentadora para os lavoreiros e produtores de leite. A safra de milho está perdida, parte da soja ainda não foi plantada e a semeada sofre pela falta de água. As pastagens estão secas e o milho não pôde se aproveitado para silagem. A perspectiva é de um ano difícil.
Em entrevista à Rádio A Folha, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Maiquel Junges, também coordenador da Regional da Fetag que abrange 19 municípios e sete sindicatos e pelo menos 10 mil famílias, relatou que a Federação já vinha lutando, desde final de novembro, para ampliação do calendário de zoneamento que venceu em 30 de dezembro.
— Não conseguimos ser atendidos. O prazo venceu e muitos ainda não conseguiram plantar. Se o fizerem após o prazo de zoneamento não terão cobertura dos seguros e isso é um risco que o produtor não pode correr — afirmou.
Os últimos dados da Emater, possivelmente desatualizado porque dia a dia crescem as perdas, apontam que em Não-Me-Toque as perdas no milho ultrapassam a 80%, na soja já passa de 20% e no leite 10%.
Os 32 mil hectares de área destinada às lavouras, apresentam diferentes situações. Têm lavouras onde o desenvolvimento da soja está prejudicado pela falta de água e tem áreas onde ainda não ocorreu o plantio. Os produtores de leite estão sem pastagens e o milho não pode ser aproveitado para silagem de qualidade por ter sido derrubado antes do espigamento. No ano, haverá um aumento no custo da produção pela necessidade de aumentar o uso de rações e concentrados.
AGUARDANDO SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
De acordo com Maiquel Junges, Não-Me-Toque e Carazinho são os únicos municípios da região que ainda não decretaram situação de emergência. Mas isso não significa que a situação esteja melhor que nos demais locais.
— Estamos aguardando a decisão do prefeito porque a situação é incontestável. Neste momento, é importante o município decretar situação de emergência porque a partir disso teremos acesso às garantias oferecias pelas políticas públicas, como negociação de dívidas, menores juros, facilidades para o programa troca-troca de sementes, entre outros. Se demorar esse decreto, corremos o risco de ocorrer o mesmo que no ano de 2019, quando os produtores de Não-Me-Toque perderam o direto de acessar as condições especiais por conta da demora no decreto de emergência.
O prefeito em exercício, Cristiano Lima, disse à reportagem que
— Estão sendo monitorados os fatores orientados pela Defesa Civil para decretação, ontem à tarde (29/12) nosso pessoal esteve em Passo Fundo tratando do assunto, se tivermos registros que completem as indicações definidas estaremos adotando a medida — Cristiano Lima ainda reforçou que a Administração está atenta às informações da comissão de Defesa Civil. coordenado pelo capitão Webber.
Na terça-feira, dia 4, está agendada reunião do Conselho Agropecuário, que vai discutir a situação da produção e as medidas a serem tomadas.
Fotografias: Maiquel Junges
TAGS: estiagem, seca, perdas, emergência, lavouras