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Notícias

31 de março de 2017

O Sul é o Meu País:“O Brasil não tem como dar certo e nunca dará certo”

Felipe keller
reporter@afolhadosul.com.br

Líderes do Sul é o Meu País conversaram com simpatizantes do movimento no plenário da Câmara de Vereadores em Não-Me-Toque (RS)
Líderes do Sul é o Meu País conversaram com simpatizantes do movimento no plenário da Câmara de Vereadores em Não-Me-Toque (RS)

Integrantes do movimento libertário separatista “O Sul é o Meu País”,que almeja mobilizar a população dos três estados do Sul a se separar do restante do Brasil, estiveram em Não-Me-Toque para encontro da coordenação estadual e local, que ocorreu nos dias 17 e 18 de março. O objetivo do movimento é de formar uma nova nação independente, com criticas fortes ao que chamam de poder centralizador de Brasília.

Na entrevista comum dos lideres do movimento separatista, o advogado, Ivan Sérgio Feloniuk, falou dos planos do Sul é o Meu País, antes da sua palestra (17 de março), na Câmara de Vereadores.Os membros da mobilização estão planejando a realização de mais um plebiscito,no dia 7 de outubro, para avaliar interesse da população sulista a ideia separatista dos três estados do sul.

Que país o movimento quer? 

Queremos um país democrático em que as pessoas tenham liberdade de decidir o seu destino, que as coisas aconteçam no município. A ideia é de que nos municípios é o local onde tudo acontece (saúde educação segurança). Não queremos mais um país em que a população seja dependente do poder central e viva a reivindicar migalhas para os serviços públicos, para não deixar a população no desespero. 

Qual sistema político o movimento defende?

O movimento tem algumas propostas, mas não definiu claramente isso. O mais importante é conseguir a liberdade. O povo das três nações vai decidir qual sistema preferir, entre presidencialista, parlamentarista, diretório ou misto.

Qual é a origem histórica do movimento?

O movimento tem cerca de 25 anos, mas nossa origem histórica é uma reconstrução de tentativas de liberdade e de independência da região sul. A primeira tentativa de povo independente foi no Paraná, nos anos de 1600 na República de Del Guayrá, movimento Jesuíta na mão de Sepé Tiaraju; República Farroupilha (1835); Revolução dos Maragatos de 1923, e demais movimentos posteriores independentes que foram sufocados por esse gigante anímico da America do Sul que é o Brasil, que não respeita os direitos dos povos que vivem aqui instalados.

Qual é a liberdade que o movimento deseja encontrar? 

A liberdade de dizer o que pensa, poder se manifestar e de gerir seus recursos sem depender do poder central. De o povo decidir seus direitos e não meia dúzia de caciques políticos e oligarquias locais dizerem o que tem que ser feito. Não queremos que grandes conglomerados como Odebretch, bancos (exemplo,Itaú), empresas de comunicação (exemplo, Rede Globo), massificando-nos, dizendo como e para quem devemos ser, queremos que o povo controle democraticamente todas essas influências financeiras e de comunicação.

O Sul é o Meu País segue uma ideologia?

O da Liberdade. Eu diria que as ideologias são tão misturadas, mas defino a mim uma pessoa de esquerda com grave desvio para a direita. Parte da estrutura do movimento segue uma história social-liberal. Que é liberalismo econômico,que deve ser seguido com forte despenho social, não pode deixaro capitalismo e o dinheiro soltos. Os grandes tem que ter responsabilidade com a sociedade.

Como ficariam as bases estruturais deste novo país pertencente hoje ao Brasil, como rodovias federais, universidades, bases militares e de energia como a hidroelétrica de Itaipu?

Tudo isso foi feito com nosso dinheiro. Não é deles.É apropriação indébita que o Brasil pratica com o dinheiro das pessoas do Sul. Talvez Itaipu, que foi construída com grande força dessa nação fictícia que é o Brasil, porque, todos contribuíram. Isso terá que passar por uma forte negociação, teoricamente Itaipu esteja no território do Paraná, pertença ao Sul, suas linhas de transmissão são todas ligadas diretamente à Central de Furnas, que fica em São Paulo, e de lá, desce em linhas de transmissão para o Rio Grande do Sul. Vamos negociar. As estruturas militares,no dia em que o povo decidir democraticamente num plebiscito oficial,que imediatamente jurem à bandeira da nova república e passem a seguir os comandos do povo do Sul. Assim seria com as universidades.  

Então a Caixa e Banco do Brasil estariam em território estrangeiro?

Seriam bancos estrangeiros. E nós não vamos tocar porque são patrimônio da república brasileira, como seus projetos.

Qual é a relação do movimento com demais entidades sindicais, organizações de classe, clubes de serviço, federações, sociedade civil organizada e demais movimentos populares?

Procuramos manter nosso movimento de forma independente. A relação que a gente tem com demais órgãos da sociedade civil é institucional. Sindicatos lutam por questões especificas da relação do trabalho.  Outros movimentos de direitos como dos negros e de mulheres,também são lutas encampadas com movimento separatista. Quando falamos em liberdade não é para mim, ou para alguns, é emancipação de todos. Para que haja uma grande celebração da igualdade.

Existe proximidade com políticos dos três estados?  

Desconheço. Não que isso impeça de ter alguém do movimento destacando-se na política e a vir ser um representante dos libertadores junto das assembléias regional e nacional. Não discutimos, mas também não proibimos. No Rio Grande Sul não têm nenhum deputado separatista, mas 2018 está aí.

Para o movimento, o Brasil não deu certo?

Não deu certo, não tem como dar certo e nunca dará certo.

Comparando Estados Unidos que é apenas oito anos mais velho do que o Brasil, por que deu mais certoem sua opinião?

Olha, a questão é multifacetada. Os EUA eram 13 colônias originais, tinham uma unidade cultural e não somente linguística.Proporcionaram movimento de guerra que forjou uma ideia de nacionalidade. Essas colônias fizeram processo de expansão a oeste com algumas guerras de conquista, como no Texas e Califórnia. O Brasil foi uma grande negociata de pai e filho, e se não tivesse Dom Pedro I entrado para maçonaria, a pedido dos irmãos Andrada,assumindo parte da dívida do Brasil com a Inglaterra, o caminho do Brasil não seria norte-americano, sim, da América espanhola, com varias nações independentes.Movimentos separatistas de colonos holandeses, franceses e revoltas regionais (Balaiada no Maranhão, Farrapos no Rio Grande, Sabinada na Bahia) evitariam unificação forçada do Império. Este país não teria existido e seríamos vários pequenos países de colonização portuguesa.

Quais são os critérios, metas a serem alcançadas para o sul do Brasil virar um país independente?

Precisamos fazer alguns plebiscitos,obter respaldo de em torno de 5% da população dos três estados ou 1 milhão de votos para obtenção de um registro na Unpo, que cuida dos povos sem estado. Levado à ONU por meio de uma resolução, esta determinará que o governo federal faça um plebiscito local. Estamos apostando na conquista da liberdade pela paz.

Como ficará a dívida do Estado com a união que está sendo renegociando?  

Vamos sentar e negociar. Eu pessoalmente acho que a dívida não existe. O governo federal alega que há uma dívida de R$ 50 bilhões. Além das compensações da lei Kandir,temos que estudar como esta dívida foi construído, se não foi para prover o Estado de obras que a União não fez. Então, não é uma dívida nossa. De outra maneira, o Estado manda por ano R$60 bilhões de reais em impostos para Brasília.

No caso de aprovação de um possível pacto federativo que favoreça aos municípios, isso enfraquece o movimento perante a população?

Acho que não. Pregamos o municipalismo assumindo o capitalismo como base econômica, mas com viés social, com menos imposto e mais liberdade econômica.  Porque a Globo – mídia nacional - vai continuar nos desrespeitando, continuar ignorando nossas raízes culturais. Vão continuar transmitindo eventos como Olimpíadas, não mostrando a cultura diferenciada do Rio Grande do Sul. Tocando apenas a música do nordeste, o sertanejo e o pagode do Rio de Janeiro, fazendo a gente engolir isso. Vender para o resto do mundo que isso é brasilidade com samba, cerveja, futebol e mulher pelada.

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